Biografia do nosso Patrono: Irio Manganelli
Desbravador destemido, pioneiro do oeste paranaense. Ardoroso militante político, teve como característica maior de sua personalidade um grande espírito comunitário - o bem coletivo sempre esteve a frente de seus interesses particulares.
Filho de descendentes italianos, nasceu em Criciúma SC, onde estudou no Grupo Escolar Professor Lapagesse. Aos 14 anos de idade ingressou na Marinha do Brasil, na Escola de Aprendizes Almirante Batista das Neves, em Florianópolis SC. Durante longo tempo prestou serviços no navio Cruzador Bahia I. Participou da II Guerra Mundial de 1939 a 1945 e esteve embarcado por quase 2 anos, em um navio da VI Esquadra Americana, onde trabalhava como operador de radar. Por seus serviços prestados à Marinha, recebeu em 22/08/1978 a honrosa Medalha de Serviços de Guerra - 3 Estrelas.
Quando marinheiro, foi vencedor de um campeonato de natação e recebeu como prêmio uma bolsa de estudos no Colégio D. Pedro II, no Rio de Janeiro, onde concluiu o curso colegial.
Finda a guerra, desliga-se da Marinha e retorna a Criciúma SC, em 1948, contando então com 26 anos.
Constrói, naquela cidade, um pequeno edifício (grande para a época), ainda existente, ao qual dá o nome de "Cruzador Bahia", como homenagem à tripulação e navio em que havia servido e que naufragou três dias após seu desligamento daquela embarcação.
Foi então, professor de inglês (Artigo 91), jogador do time Comerciário Futebol Clube, hoje Criciúma Futebol Clube. Participou da fundação do time de basquete da cidade, onde atuou como jogador.
Em 1952, já casado com a Sra, Edithe Zilli Manganelli, valorosa mulher, que abandona o conforto de sua cidade natal e a companhia de seus familiares para com ele iniciar uma árdua e corajosa jornada no oeste do Paraná, começa uma nova etapa de sua vida. Vai trabalhar como agrimensor, na medição de 5.500 alqueires de terra, pertencentes à Colonizadora Criciúma, onde hoje está situada a cidade de Santa Terezinha de Itaipu. Naquela época, área ainda pertencente ao Município de Foz do Iguaçu.
Enfrenta todo tipo de dificuldades: trabalho estafante, frio excessivo nas noites de inverno e calor insupotável nos intermináveis dias de verão. Mora durante este período, num rancho, em plena mata serrada, coberto com folhas de palmito (como descreve, seu companheiro de trabalho e amigo, Luiz Carlos Gatto).
Em breve tempo, assume a gerência da empresa. Traz para a localidade famílias de colonizadores, vindas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Implanta algumas pequenas indústrias e rapidamente consegue fazer com que a vila tenha vida própria. Seu trabalho não se limita tão somente à formação da colônia mas também à construção de escolas e criação de sociedades recreativas, esportivas e religiosas.
Em 1960, já residindo na cidade de Foz do Iguaçu, foi eleito vereador - o mais votado - com 411 votos. Dois anos depois, assume a presidência da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu. Começa então sua efetiva participação na política.
Junto com o chefe do executivo, Sr. Emílio Gomes, e depois de muita luta (como informa o Sr. Carlessi, também vereador na época), constroem a Usina Elétrica do Ocoí, que forneceu energia para Foz do Iguaçu durante muitos anos. Nessa época, iniciaram o serviço de pavimentação da Av. Brasil. Foi um dos organizadores do antigo PTB e nele permanece até sua extinção por ocasião do "golpe militar" em 1964. Pela sua legenda é ainda eleito vice-prefeito.
Antevendo o futuro agrícola da economia no oeste do Paraná, ainda no início dos anos 60, financia e compra a produção de milho, que era cultivada por pequenos agricultores da região de Céu Azul, Guaíra até Foz do Iguaçu. Esta produção era exportada para a Holanda. O transporte do cereal era efetuado via fluvial pelo Rio Paraná até Buenos Aires e daí para a Europa, por via marítima.
Nessa ocasião, constrói silos para a secagem e armazenamento do produto, em terras próximas ao Marco das Três Fronteiras. O desenvolvimento desta atividade lhe valeu o divertido apelido de "Kid Milho". Foi também um dos pioneiros no cultivo da soja.
Junto com os amigos, como José Antônio de Brito, Álvaro Albuquerque e outros, participa ainda , na década de 60, da fundação do MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Naqueles "tempos difíceis" de ditadura militar, participava ativamente da política, em detrimento muitas vezes de seus interesses particulares.
Foi presidente de clubes de serviço, jogou no ABC Futebol Clube, onde nasceu a grande amizade pela família Aguirra. Foi também rádio-amador e teve como prefixo PY55D (Soldado Desconhecido), prestando serviços à comunidade quando os meios de comunicação eram precários.
Tinha como costume comemorar duas datas. Com um culto de agradecimento e uma churrascada, festejava o dia Primeiro de Maio - Dia do Trabalho - e no mês de Novembro o Dia de Ação de Graças.
Desbravador destemido, agricultor pioneiro, esportista, militante político; nas diversas atividades que desenvolveu durante a sua vida, procurou sempre valorizar o trabalho e lutar por melhores condições de vida para a classe trabalhadora.
Deixou como verdadeira herança para aqueles que realmente o conheceram, o modelo de amigo leal, homem de palavra, e ainda o estímulo e a coragem para trabalharmos sempre, como pequenos obreiros na construção de uma sociedade cada vez mais justa e perfeita.